governador Jaques Wagner, indignação e pedidos de providências. Luan
Conceição, 13 anos, cursa – quando tem aula – a 8ª série do ensino
fundamental no Colégio Estadual Heitor Villa Lobos, no Cabula VI.
aula há exatos 50 dias, considerando apenas a greve dos professores –
62, contando com a paralisação da Polícia Militar – aproveitou o tempo
livre para escrever uma carta ao governador.
redigiu. Logo na abertura, um pedido: “Presado governador tome um
providemsia sobre os dias que eu estol sem aula pois eu não quero virar
vagabundo. São muitos jovem e criança nas ruas e correno riscos de bala
perdidas…”(sic), traceja o estudante.
“…vamos tomar uma providencia sobre isso que não está certo”, assina
Luan. Ele é apenas um no universo de mais de 1 milhão de estudantes que
estão em regime de férias forçadas.
professores também destinaram cartas ao governador Jaques Wagner. Bruno
Damasceno dos Santos, 16, estuda na 7ª série no Colégio Estadual Zumbi
dos Palmares, em Tancredo Neves, e relata os prejuízos dos alunos.
“Governador Jaques Vagner.
semana de prova só que os professores não querem voltar ao colégio(…)
querem aumento de salário mínimo. Por favor governador faz isso pelos
alunos eu estou bem preocupado com a reposição de aula…”, desabafa.
Modelo Luís Eduardo Magalhães, na San Martin, Neilton Nascimento, 16,
também manda o recado. Dessa vez, aos professores. “Escrevo-lhes esta
carta pedindo que por favor entrem em um acordo com o governo (…)”. E
continua: “Pensem o quanto nossos pais estão tristes por ver seus filhos
em casa sem nada pra fazer além de assistir televisão, empinar pipa, e
com a mente vazia”.
Conversa com o Governador, em tom conciliatório, Jaques Wagner voltou a
pedir aos professores para que retornem. “Faço mais esse apelo para que
voltem às aulas e programem a compensação dos dias parados e a gente
possa pagar o que foi descontado”.
ontem, os professores decidiram manter a paralisação e programam várias
atividades para os próximos dias. Rui Oliveira, presidente do Sindicato
dos Trabalhadores em Educação da Bahia (APLB), ressalta que os
professores estão “irritados”. “O pessoal já não suporta a falta de
negociação”, enfatiza.
Wagner. “Milhões de jovens pedem e esperam do senhor uma atitude também
política de sentar e negociar…”, escreveu a professora e mãe da aluna
Valdelice Santana.
Índices
Os alunos da rede pública
da Bahia têm o segundo maior índice de reprovação no ensino fundamental
do país, com 26,3%, segundo pesquisa do Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais (Inep) divulgada esse mês. O número é dez vezes
maior do que o índice de Mato Grosso, estado melhor colocado no ranking.
No ensino médio, a rede estadual baiana teve o sexto pior índice, com
16,4% de reprovação. No fundamental, o índice foi de 4,3%, nona pior
colocação.
Apesar disso, para a doutora em Educação Telma Brito, o
movimento paredista não será o protagonista no caso de uma piora nos
índices da educação pública. “É claro que vai ter impacto para o aluno,
mas a greve não poderá ser colocada como responsável pelos próximos
resultados. Esses índices vêm reduzindo ao longo do tempo”, avalia.
quadro negativo da educação. “A educação vai mal, independente da
paralisação. A qualificação dos professores, melhores salários,
infraestrutura, além do envolvimento da família, devem ser trabalhados”.
Federal da Bahia (Ufba), Cleverson Suzart, também não atribui ao
movimento paredista a responsabilidade sobre um possível agravamento dos
resultados do Inep.
aprendizado, preparação para o ano letivo. Os índices são históricos. O
movimento grevista trabalha no sentido de resolver os problemas”, define
Suzart. Já para o secretário estadual de Educação, Osvaldo Barreto,
estes resultados estão associados a outros fatores, que já estão sendo
repensados independente da greve. “O fator de principal impacto é a
precariedade na alfabetização, por isso firmamos o Pacto com o
Município, um programa de atenção. Isso reforça significativamente a
qualidade no ensino, que também tem contado com reforço na capacitação
dos profissionais e em material didático”, diz Barreto.
Com a
greve entrando em seu 50º dia, alunos, pais de alunos e docentes se
preocupam com o ano letivo. Especialistas afirmam que, mesmo com a
reposição das aulas, fica complicado passar os assuntos de forma
satisfatória. “A gente está avançando pelo semestre e, se a negociação
da greve tiver os devidos encaminhamentos, me parece que as aulas vão
seguir pelo meio de dezembro, com aulas aos sábados”, acredita o
professor da Faculdade de Educação da Ufba Menandro Ramos.
mais tempo, as aulas correm o risco de ultrapassar o ano de 2012 e
entrar pelo mês de janeiro do ano que vem. “Até o momento, com uma
margem estreita, ainda pode haver essa recuperação das aulas. Se a
paralisação se estender por mais umas duas semanas, eu creio que o
semestre está perdido. Se formos contar que houve interrupção com a
greve dos policiais, vai comprometer ainda mais o calendário”,
considerando a greve uma luta legítima.
segundo plano. É só verificar o quanto o governo gasta com publicidade,
que se percebe a assimetria”. Para a professora e diretora do Colégio
Oficina Márcia Kalid, os alunos podem ficar prejudicados ainda que haja a
reposição até o fim do ano.
estudar em casa; a reposição traz um acúmulo de aulas na semana. Além
disso, o ritmo de aula num dia de sábado não é o mesmo que em dias
comuns, deixa o aluno mais cansado”, explica. Márcia ressalta que a
falta de aulas por 50 dias traz prejuízos especialmente para aqueles que
vão fazer vestibular.
Barreto, o órgão planeja a utilização do recesso junino, de alguns
sábados e de pelo menos 15 dias do mês de janeiro para recompor o
calendário. “Estas medidas seriam suficientes para o cumprimento dos 200
dias letivos, sem prejuízos”, diz Barreto. “Em breve, anunciaremos uma
estratégia que estamos preparando para acelerar o processo de
aprendizagem para os alunos do 3º ano, que precisam fazer vestibular e
Enem”.
Nos próximos dias,
professores e alunos prometem uma série de atividades, enquanto o
movimento grevista perdura. Entre elas, uma recepção ao governador
Jaques Wagner no aeroporto é programada para sábado. Veja as ações:
Professores fizeram panfletagem na Terça da Benção, no Pelourinho
Quarta
Alunos
de diversos bairros da capital prometem fechar a Rótula do Abacaxi em
protesto pelo fim da greve. Docentes fazem panfletagem nos bairros
Quinta
Professores, pais e alunos fazem passeata, a partir das 9h. Saída da praça das Gordinhas, em Ondina, até o Farol da Barra
Sexta
Reunião entre pais e professores, às 17h, no Colégio Central, bairro de Nazaré
Sábado
Docentes vão recepcionar o governador Jaques Wagner no aeroporto de Salvador
Terça
Nova assembleia geral discute os rumos do movimento grevista
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