Garotinho faz “jejum e oração” na prisão e se compara aos “amigos de Daniel na fornalha”


Preso há quase um mês no presídio de Bangu 8, no Complexo de Gericinó, no Rio de Janeiro, o ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho (PR) é acusado de chefiar uma organização criminosa que extorquia dinheiro de empresários e de receber suborno da JBS.

Segundo Carlos Azeredo, o advogado do político, “Ele está bem. Está um pouco irresignado da injustiça”. Através de uma carta escrita à mão enviada à direção do presídio na sexta-feira (15), Garotinho avisou que iria iniciar um “jejum por tempo indeterminado”, embora o presídio considera que se trata de uma greve de fome. No texto, Garotinho pede para ser ouvido pelo Conselho Nacional de Justiça. A Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) confirmou que ele vem recusando a alimentação nos últimos dias.

Seria uma maneira de protesto, pois ele considera ter sido preso injustamente e diz estar no “limite do sofrimento”. Questionado pela imprensa neste domingo se o ex-governador impôs alguma condição para encerrar a greve de fome, Carlos Azeredo respondeu que “não é greve de fome, é um jejum”.

Nas duas páginas da carta, ele explica que o jejum é total e será acompanhado de oração. Há um trecho onde diz: “Creio em Jesus Cristo e o confesso como meu Senhor e Salvador, minha fé cresceu na fornalha de dúvidas! Certamente os ‘doutores da lei’ condenarão minha atitude, dirão que isso fere a Palavra de Deus, que essa não é uma atitude de cristão! Não importa, minha fé oferece a opção de continuar confiando em Deus, mesmo quando meus limites humanos, me impedem de entender os Porquês… Sinto-me como os 3 amigos de Daniel, que desafiaram um tirano. ‘Se formos atirados na fornalha em chamas, o Deus a quem prestamos culto pode livrar-nos, e ele nos livrará de tuas mãos, ó rei. Mas se ele não nos livrar, saiba ó rei, que não prestaremos cultos aos teus deuses’”.

Neste domingo (17), o filho de Garotinho, Anthony Matheus, fez um vídeo declarando que, em solidariedade ao pai, também anunciou o início de um jejum. A família diz que o ex-governador sofre uma “perseguição implacável no Estado do Rio, onde denunciou boa parte da classe política, membros do judiciário e um integrante do MP, suas chances de defesa são mínimas e de sobrevivência totalmente arriscadas”. Ele quer denunciar os dois juízes envolvidos em sua prisão, que teriam agido com parcialidade, pois estão sendo processados pelo ex-governador.

Segundo as investigações deste ano, a JBS teria doado R$ 3 milhões para a campanha de Garotinho ao governo do RJ, em 2014. Os empresários disseram à PF que o ex-governador cobrava propina nas licitações da prefeitura de Campos, exigindo o pagamento para que os contratos fossem firmados. Garotinho sempre negou as acusações. Sua esposa Rosinha chegou a ser presa também, mas conseguiu um habeas corpus e foi libertada. Com informações das agências

Confira a carta:

 

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