Jovem encara desafio de ficar 24 horas sem acessar a internet


Uma discussão mexe com toda a família: será que tirar a internet da vida
do filho é um bom castigo? Nos Estados Unidos, um pai tomou uma atitude
radical e condenável.

O que teria levado um pai a dar tiros no computador da filha? E
você achando que o seu pai tomava medidas drásticas. Essa história
aconteceu nos Estados Unidos e é o extremo a que chegou o castigo da
moda: o castigo offline (deixar o seu filho sem computador).

Parece que o mundo todo cabe dentro da janela de um computador.
“Eu acordo, ligo o computador, escuto música, aí falo com meus amigos,
aí vou para a escola. Quando eu volto da escola, ligo o computador de
novo, vejo o que está acontecendo, falo com meus amigos, escuto mais um
pouco mais de música”, contou Letícia Alves, de 14 anos.

Resumindo: a Letícia passa o dia inteiro sentada, vidrada. Até o
dia em que ela ficou de castigo. “Eu conversava com pessoas de outros
estados, eu falava com pessoas mais velhas. Meus pais não sabiam quem
eram, aí eles me proibiram”, explicou.

Foram duas semanas sem internet. É difícil entender o tamanho do
castigo que é ficar sem computador. Por isso, o Fantástico tentou
reproduzir, mais ou menos, o que isso significa.

Cada uma das janelinhas no computador da Letícia é uma pessoa
conversando com ela. O Fantástico tirou os amigos do mundo virtual e os
trouxe para falar com a Letícia – cara a cara, e ao mesmo tempo sempre
rola uma musiquinha. “É como se fosse uma festa”, diz a jovem.

Agora imagina se alguém acende a luz e manda todo mundo ir
embora? Isso é o que sente quem leva um castigo offline. A Letícia não
fez nada dessa vez, mas vai levar um castigo do Fantástico: um dia
inteiro sem computador. “Vai ser difícil, vou tentar”, disse a menina.

A jovem vai contar como é a sensação por um vídeo diário. “Oi,
meu nome é Letícia, tenho 14 anos. Vou ficar 24 horas sem computador”,
falou.

Elaynne Gomes, de 17 anos, já passou muito mais do que 24 horas
no castigo. “Quando não arrumo quarto, ou quando eu não arrumo meu
guarda-roupa, já é motivo pra eu ficar uma semana sem computador e é
horrível. Aos 9 anos, eu ganhei um computador. Com 10, passei a usar a
internet, aquilo ali já faz parte de mim, não tem como tirar do nada”,
revela.

Mesmo de castigo, ela não se controlava e dava um jeito de se
conectar escondida. Até que a mãe teve uma ideia infalível. “Deu aquele
estalo assim: vai lá e tira o cabo da internet”, conta Valdéia Gomes,
mãe de Elaynne. “Passei a levar para rua, colocar na bolsa e levar,
porque eu quero o melhor para ela”.

“Acho que isso foi bom, já que não tinha internet nem nada para
fazer, ou eu recorria à TV ou, então, estudava mesmo”, lembra Elaynne.

Será que a Letícia encontrou alguma coisa para fazer? “Acabei de
sair da piscina, já dormi um pouquinho, mas nada substitui a internet.
Estou esperando o pessoal da produção chegar e acabar com esse
tormento”, registrou a menina.

Daqui a pouco o castigo de Letícia acaba. Mas não podemos dizer o
mesmo sobre a dona do computador que recebeu tiros. A americana Hannah
tem 15 anos. Ela é filha do Tommy Jordan. Ele ficou furioso quando
descobriu que a filha tinha postado na internet uma carta reclamando de
ter que ajudar nas tarefas domésticas. Como resposta ao desaforo, ele
resolveu fazer um vídeo que já foi visto mais de 30 milhões de vezes.

No vídeo, Tommy contesta tudo que Hannah escreveu e diz que essa
não foi a primeira derrapada da filha e lembra: “eu avisei”. Se
acontecesse de novo, a coisa ia ficar bem mais feia e ficou. Ele deu
nove tiros e mandou um último recado: “você pode ter um novo computador
quando puder comprar um”, diz Tommy no vídeo.

“Acho que a reação dele, claro que foi muito equivocada, porque
ele tentou punir usando um meio violento. Mas é claro que, se ela entrar
nessa retaliação, nessa lei de olho por olho, ela pode dizer: ‘agora eu
vou também vou estragar uma coisa que ele gosta’. E aí o ciclo da
violência está iniciado e não tem fim”, afirmou a psicóloga Cynthia
Ladvocat.

Dias depois, respondendo à enorme repercussão, Tommy Jordan
gravou um segundo vídeo. “Não estou orgulhoso, mas não me arrependo do
que eu fiz”, diz.

Para Letícia foi menos dramático: fim das 24 horas offline. A
pressa é grande para conferir o que rolou na internet nesse tempo todo.

Fantástico: Do que você mais sentiu falta?
Letícia Alves: Da música, de conversar com alguém.

“A gente tenta regular a Letícia com moeda de troca. Lê um
livro, usa a internet. Faz um exercício, vai para a academia, usa
internet”, destacou Cynthia Pires, mãe de Letícia.

“A internet é hoje em dia uma coisa necessária. As escolas têm
internet, as salas de aula estão recebendo computador. A conversa e o
olho no olho é muito bom. Isso que as famílias precisam tomar atenção e
ficar de bem com a internet. O problema não é a internet”, completou a
psicóloga.

Quem diria que depois de atirar no computador da filha, Tommy e
Hannah ficariam bem? Foi isso que o americano contou ao Fantástico por
telefone. “Toda essa repercussão nos aproximou bastante”, disse ele. G1.

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