Autoral no Brasil, Heitor Dhalia estreia em Hollywood com o suspense 12 Horas


Nascido no Rio, criado em
Recife e hoje morando em São Paulo, o diretor Heitor Dhalia, 42 anos,
estreia na poderosa indústria de cinema dos Estados Unidos com o
suspense 12 Horas, que chega às salas nacionais sexta-feira.
Sobre a experiência em Hollywood, Heitor, de modo
franco e sem rodeios, recorre a uma metáfora para descrevê-la: “Um
serial killer mata por prazer. Um matador de aluguel mata porque foi
contratado, mas ele também não vai matar se não sentir prazer nisso. Sou
um diretor de cinema que gosta de filmar. Mas, nesse caso, eu fui um
matador de aluguel”.
Ambientado na pouco solar e bonita Portland, no
Oregon, 12 Horas (Gone) conta a história da garçonete Jill Parrish
(Amanda Seyfried), uma jovem traumatizada por ter sido sequestrada, um
ano antes, por um homem que teria matado uma série de mulheres num
parque da região, na sua opinião.
A polícia, porém, acredita que Jill não bate bem da
cabeça, que tudo é fruto de sua imaginação doentia. Só que, numa noite, a
irmã dela, Molly (Emily Wickersham), desaparece sem deixar pistas e a
garçonete acredita que o mesmo psicopata voltou à cena do crime e a
levou.
Já que nem a polícia leva fé na sua história, resta a
Jill Parrish ir, sozinha, encontrar a irmã e acertar as contas com o
serial killer.
Quem manda 
Lançado nos EUA no dia 23 de
fevereiro, 12 Horas recebeu críticas negativas da imprensa americana e
faturou US$ 11,6 milhões em sete semanas de exibição, mas mesmo Heitor
Dhalia reconhece tranquilamente que a obra tem problemas e não tem
exatamente a sua cara. É mais um filme com a cara do produtor Tom
Rosenberg, da Lakeshore Entertainment.
“Quem manda no processo de criação nesse tipo de
produção nos EUA, para o qual eu fui contratado, é o produtor. Ele é
quem tem a palavra final, é quem manda. Obviamente, cada negociação é
diferente, há acordos mais suaves, outros mais rígidos. Só depois que
comecei a trabalhar nos EUA é que fui entender isso direito”, explica.
Heitor, por exemplo, não pôde nem levar nenhum
brasileiro para trabalhar com ele em Portland, não participou da seleção
do elenco, não colaborou com o roteiro e não teve permissão para
ensaiar e nem ficar a sós com a protagonista Amanda Seyfried, atriz de
Mamma Mia! (2008), Cartas para Julieta (2010) e A Garota da Capa
Vermelha (2010).
Para quem dirigiu bons e premiados filmes autorais
no Brasil como Nina (2004), O Cheiro do Ralo (2006) e À Deriva (2009),
Heitor Dhalia, no fim do processo, mostra muito jogo de cintura e certa
elegância. O diretor considera-se realizado com a sua primeira
experiência na capital mundial do cinema.
“A única escolha mesmo que eu fiz em 12 Horas foi a
de fazer o filme, mas estou feliz, pois realizei o que queria e
pouquíssimas pessoas têm condição de fazer isso. Bem ou mal, você se
torna parte da indústria. Hoje, sou sindicalizado nos EUA. E minha
história lá não acabou. Quero voltar a filmar em Hollywood, mas agora
não a qualquer custo”, afirma.

Antes de dirigir 12 Horas, que
teve orçamento de aproximadamente US$ 18 milhões, Heitor já havia
mantido contatos com produtores americanos. Foi convidado para dirigir o
projeto April 23, para a produtora Lakeshore, e If I Say, para a
Summit. Por várias razões, os dois projetos não decolaram – e então
surgiu 12 Horas, bancado pelas duas produtoras.

Na verdade, desde 2004, com a boa repercussão
internacional do seu primeiro longa-metragem, Nina,  que Heitor Dhalia
tentava entrar na indústria americana, assim como fizeram colegas da
chamada ‘geração retomada’ como Walter Salles, Fernandes Meirelles e
agora José Padilha, que trabalha na nova versão de RoboCop.
Como não sabia falar inglês, Heitor dedicou-se com
disciplina a aprender a língua de Shakespeare, estudando todos os dias,
durante anos. E, depois de aprender, passou a estudar a dramaturgia da
língua inglesa.

Serra Pelada 
Agora, o cineasta
retorna para uma realidade bem brasileira: em julho, ele começa a filmar
Serra Pelada, projeto ambicioso de R$ 12 milhões sobre uma grande
amizade no famoso garimpo brasileiro dos anos 70 e com distribuição
assegurada pela Warner Brothers.

O baiano Wagner Moura será o protagonista. “É o
filme mais importante da minha vida, um épico para tentar entender o
Brasil de hoje. A história de Eike Batista, por exemplo, começa em Serra
Pelada”, conta Heitor, que ainda não definiu quem será o coprotagonista
– existe muita  possibilidade do escolhido ser Seu Jorge.
“Voltar a filmar no Brasil é muito especial, a
começar pela liberdade criativa e por falar a nossa língua. A
experiência em Hollywood me amadureceu como diretor em todos os
sentidos”, encerra.
Assista ao trailer clicando Aqui

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