Evangélicos participam de Parada gay em Maringá


Cercada de polêmica, a “guerra” entre evangélicos e gays em Maringá acabou sem maiores prejuízos. Nenhum conflito foi registrado em nenhum dos eventos.
Aparentemente outra guerra se iniciou na segunda-feira: a dos números. O jornal Gazeta do Povo, o principal do Paraná, afirma que “mais de três mil pessoas, de Maringá e cidades da região, reuniram-se [sábado] na praça Rocha Pombo, na avenida Brasil, área central, e participaram da Marcha para Jesus, organizada pela Ordem dos Pastores Evangélicos de Maringá”.
Já a Folha de São Paulo divulgou que, durante a Parada Gay, “a Polícia Militar estimou que mais de mil pessoas participaram da passeata. O número, porém, aumentou no decorrer da tarde com a chegada de caravanas atrasadas, entre elas a de Curitiba”. O número final de participantes, segundo a Gazeta, seria perto de cinco mil. Já o jornal local, O Diário, afirma que foram 8 mil no total.
A estimativa de um número maior de participantes na Parada Gay do que na Marcha para Jesus gerou questionamentos das lideranças evangélicas.
Uma das explicações, segundo Luiz Modesto, editor do site Maringay e um dos organizadores da Parada, é que “46 caravanas do Paraná, de Santa Catarina e de São Paulo participaram da Parada Gay de Maringá. O Estado de São Paulo esteve representado por membros da comunidade gay de Campinas, Sorocaba, Araçatuba, Araraquara, Ourinhos e Presidente Prudente”.
Ambas as manifestações tiveram um trio elétrico indo à frente. No sábado pela manhã, com faixas, cartazes, além das bandeiras e bexigas brancas, a paz entre as pessoas também foi tema da marcha. Entre hinos e louvores tocados ao vivo pelo grupo em cima do caminhão de som, os pastores e demais participantes exaltaram o papel e a importância da família na sociedade.
O pastor Alexandre Ferraresi, um dos organizadores da marcha, afirmou ter ficado surpreso com a adesão em massa da população da cidade, pois, segundo ele, não houve muito tempo para organizar a marcha. “A nossa abordagem é universal e não apenas para a comunidade evangélica. Com a marcha queremos ressaltar o valor da família no lar e incentivar o convívio familiar”, afirmou Ferraresi.
No domingo à tarde, os participantes empunhavam bandeiras com as cores do arco-íris (símbolo do movimento gay), outros fantasiados, saíram de frente à Catedral e seguiram pelas ruas da cidade até o Estádio Regional Willie Davids, um trajeto de cerca de 1,5 km.
Curiosamente, alguns evangélicos participaram dos dois eventos. “Temos de ajudar a desconstruir essa ideia de que religião e fé são antagônicas à orientação sexual da pessoa”, disse a professora universitária Maria Newmum, membro da Igreja Metodista.
“O ideal é que todos que foram à Marcha para Jesus estivessem aqui também, pregando o respeito e o amor ao próximo. Jesus sempre defendeu as minorias”, explicou.
Luiz Modesto evitou a polêmica e não quis mencionar o clima de “guerra” que alguns esperavam. Ele disse ainda querer debater o assunto com as igrejas: “Independente de quantas pessoas a gente consiga reunir aqui, o importante é que conseguimos criar um espaço de diálogo e debate profundo com a igreja e a comunidade. A nossa luta é contra a homofobia e o preconceito”.
O único diálogo aberto entre ativistas homossexuais e cristãos ocorreu antes dos eventos, quando a Igreja Católica proibiu o uso da imagem da Catedral no cartaz de divulgação da Parada Gay.
Com informações O Diário e Folha de SP

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