Ex-moradores do Pinheirinho fazem protesto em São José dos Campos


Galpão foi incendiado por vândalos durante protesto dos ex-moradores do Pinheirinho. (Foto: Wanderson Borges/TV Vanguarda)

Um grupo promoveu saques, quebrou, incendiou e destruiu um galpão onde se encontravam eletrodomésticos, aparelhos eletrônicos, brinquedos e utensílios de cozinha dos ex-moradores do acampamento sem teto do Pinheirinho, área localizada na zona sul de São José dos Campos (SP). Um protesto foi realizado por cerca de 200 pessoas na manhã desta sexta-feira (19), um ano e meio após a reintegração de posse da área, executada pela Polícia Militar em janeiro do ano passado.
Os manifestantes romperam o arame do portão principal e invadiram o terreno por volta das 9h30. Eles permaneceram no local por uma hora, em um ato que pedia mais agilidade na construção de casas para os sem-teto e também um reajuste no bolsa-aluguel. Um veículo dos seguranças do terreno teve o vidro trincado por um pequeno grupo de manifestantes.

Além do galpão com os pertences de ex-moradores, carros abandonados também foram encontrados no local. Apenas uma viatura da Polícia Militar acompanhou parte da manifestação do lado de fora do terreno, mas um contingente maior foi acionado para liberar o local por volta das 13h após o galpão ter sido incendiado.
A ex-moradora do acampamento Maria Luzia de Carvalho, de 36 anos, afirmou que encontrou sua geladeira e outros objetos dentro do galpão. “Quero tudo isso de volta, não sei como, mas quero de volta”, afirmou.
Entre os veículos abandonados, Elieide da Silva Costa, de 27 anos, encontrou o trailer que usava para vender lanche com diversos pertences dentro. “Tem bastante coisa, dá para aproveitar ainda. Não consegui comprar o jogo de quarto das minhas filhas ainda, mas eu quero reaver tudo isso. Eu vendia lanche com esse carrinho, era meu sustento”, explicou.

Ex-moradores ocuparam o terreno pedindo mais
agilidade na construção de moradias e reajuste
no bolsa-aluguel. (Foto: Carlos Santos/G1)

Durante o trajeto pelo antigo acampamento sem teto, os ex-moradores fizeram uma assembleia para discutir o movimento. “Nosso ato aqui é porque desde a desocupação foram feitas diversas reuniões com o governo federal, estadual e municipal, mas até agora nenhum tijolo foi acentado para construir moradias para os ex-moradores. Também queremos o reajuste do bolsa-aluguel, que é difícil para conseguir alugar casas em São José com o valor que está”, disse um dos representantes do movimento, Valdir Martins.
Segundo ele, atualmente 1.758 famílias recebem o benefício, mas muitas delas não tem condições dignas de moradia. “Minha situação é pior do que quando estava no terreno do Pinheirinho. Eu acho que o auxílio é pouco, tenho que inteirar o aluguel”, disse o autônomo Jaime Rocha, de 62 anos.
A desempregada Janaína Coutinho, de 31 anos, também considera o valor do auxílio baixo. “Dá para pagar o aluguel hoje, mas meu aluguel vai aumentar para R$ 600. Como vou pagar?”, questiona.

Outro lado

A Secretaria Estadual de Habitação informou que o aluguel social será pago até que as famílias recebam as casas e que uma reunião com representantes dos ex-moradores nesta quinta-feira acertou a construção das casas em uma área no bairro Putim, Porém, nenhum prazo para que isso ocorra foi dado pela pasta.
O secretário de Habitação de São José dos Campos, Miguel Sampaio, disse em entrevista à TV Vanguarda, que a prefeitura está apoiando na elaboração de projetos e no diálogo com a Caixa Econômica Federal para facilitar a tramitação do processo com o governo do Estado e o governo federal.
“O programa do Pinheirinho é um programa do Governo do Estado de São Paulo que tem o apoio do governo federal e tem o apoio  da prefeitura. O que projeto habitacional de São José ele tem uma regra própria e as pessoas se inscrevem na prefeitura e nós temos hoje aproximadamente 18,5 mil famílias que serão atendidas dentro do nosso programa habitacional ‘Minha Casa, Minha Vida'”, afirmou Sampaio.
A empresa Selecta S/A, dona do terreno, mas ninguém foi encontrado pra falar sobre o assunto. G1.

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