Jequié é destaque na imprensa nacional


MÁRIO BITTENCOURT
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM JEQUIÉ (BA)
O
canal do Rio Jequiezinho, em Jequié, na Bahia, é, segundo a prefeitura,
um dos locais onde mais o mosquito da dengue se prolifera por causa de
poças
A cidade baiana de Jequié, no
semiárido nordestino, vive um dilema complicado: os moradores não sabem
se torcem para chover ou para a dura estiagem prosseguir.
O município de quase 152 
mil
habitantes é um dos 260 da Bahia em estado de emergência por causa da
seca, que atinge 6.800 pessoas, gerou 85% de perdas na lavoura e reduziu
em 20% o tamanho do rebanho bovino da cidade, segundo a Secretaria
Estadual de Agricultura.
Editoria de arte/Folhapress
O dilema aparece agora. Jequié é
também recordista em notificações de dengue em 2013 na Bahia: apenas nas
duas primeiras semanas do ano foram 292 casos registrados, de acordo
com o governo do Estado, o que levou a prefeitura a decretar estado de
emergência.
Foram 105 notificações em
novembro e 408 em dezembro. O principal hospital do município está
superlotado para atender casos suspeitos. Uma pessoa morreu com dengue
hemorrágica
neste ano.

Jequié, conhecida como “Cidade
Sol” por causa do intenso calor, tem chuvas só em períodos espaçados e
por pouco tempo. Na maioria das vezes, elas são seguidas de sol
escaldante, o que forma as condições ideais para a proliferação do Aedes aegypti, transmissor da dengue.
Um dos principais motivos da
proliferação do mosquito são as águas paradas de um canal que corta a
cidade e onde é despejado ao menos metade do esgoto.
O índice de infestação está em
3,6% dos domicílios, sendo que o aceitável pelo Ministério da Saúde é de
até 1%. Há bairros onde o índice chega a 10%.
A Vigilância Epidemiológica local
intensificou o uso de bombas costais e do caminhão fumacê, que jogam
inseticida, e a prefeitura afirma que contratará agentes e uma empresa
para fazer a limpeza do canal.
Há o receio de que, até lá, a
chuva favoreça a proliferação de mosquitos. “Chuvas agora podem
significar mortes por dengue na cidade”, diz a prefeita Tânia Brito
(PP).


SEM ÁGUA

Já o pescador Manoel José dos
Santos, 48, que mora perto da barragem que abastece metade da cidade,
sofre com a redução do reservatório. “A água está barrenta, e os peixes
diminuem a cada dia.”
Eliene Silva Santos, 25, mora no
bairro de Amaralina, um dos mais afastados da cidade, onde falta água
encanada e sobra esgoto correndo a céu aberto.
“Temos que nos virar todos os
dias pra conseguir água. Eu tento pegar num poço que tem aqui perto, mas
nem sempre encontro”, relata.
Sobre a dengue, Eliene tem um
palpite: “Acho que se tivesse saneamento por aqui seria bem mais difícil
para o mosquito proliferar”.
Na casa de Daiane Santos, 31, na região central da cidade, a ausência de água também é frequente.
Não bastasse o problema, ela teve
de levar o filho de cinco anos ao hospital anteontem. Vinícius Rian
reclamava de enjoos e dores de cabeça e no corpo. “Vim logo para cá,
fico com medo de ser dengue hemorrágica”, disse.

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