PROJETO QUE USA PRODUTO INOVADOR RECEBERÁ DOAÇÃO DE MILIONÁRIA


“Chegou a pedra, chegou o pó!”, grita Josias Amorim Souza pelas ruas do
bairro Serra em Amélia Rodrigues, na Região Metropolitana de Feira de
Santana. Desde 2009, Josias distribui os produtos com mais 55 colegas
pelas 8 mil casas da cidade. A comunidade já está viciada. “Pego na mão
dele todo mês. Quando demora fico logo nervosa, querendo mais”, conta a
dona de casa Maria Luiza de Santana, 59.
Mas, calma. Essa matéria não é para falar do tráfico de drogas. A pedra e
o pó em questão são o biotablete e o granulado WT. Os produtos estão
sendo usados experimentalmente na cidade baiana para reduzir a produção
de resíduos descartados nas fossas sanitárias da cidade.

À base
de bactérias ‘do bem’ os produtos têm a função de consumir as bactérias
ruins, produzidas pelo descarte de dejetos. Na cidade não há rede de
esgoto e os resíduos sanitários são descartados em fossas – caixas
subterrâneas que acumulam os dejetos e, quando cheias, transbordam
fazendo com que a água suja fique exposta na superfície.

Josias,
agente comunitário de saúde, explica que a pastilha (colocada no ralo
do chuveiro) e o pó (colocado no vaso sanitário), ao entrarem em contato
com a água, vão limpando as bactérias até a fossa. “As bactérias boas
vão comendo as bactérias ruins. Com isso, o fedor do esgoto somem e as
fossas não ficam tão cheias”, conta Josias.

Desenvolvido pela empresa de biotecnologia SuperBAC, o uso é
experimental na Bahia, apesar de, segundo a empresa, já ter sido usado
em indústrias no Sul do Brasil.

Benefícios
Graças ao
projeto, Amélia Rodrigues será o único município brasileiro que receberá
dinheiro de um milionário leilão promovido pela socialite gaúcha Lily
Safra (ver acima), como adiantou a coluna VIP do CORREIO no dia 4 deste
mês. Lily leiloará 70 joias de seu acervo  em maio e reverterá a verba
para 20 instituições no mundo, entre elas o projeto Parceiros da
Natureza, idealizado pela SuperBAC.

O prefeito Antônio Paim viu
no projeto a possibilidade de tratar o esgoto. “Não temos rede de
saneamento básico e os dejetos estão sendo descartados desde a fundação
da cidade em fossas colocadas nos fundos das casas. Com esse projeto,
estamos conseguindo limpar os dejetos antes de eles chegarem no solo”,
diz.

Moradores
No início do projeto, houve
desconfiança. “Mensalmente a empresa manda 8 mil  pastilha e frascos com
o pó para distribuirmos. No início houve uma resistência das pessoas em
saber que tipo de produto estava sendo usado, mas com os resultados
positivos isso se tornou mais fácil”, explicou Ariane Costa,
coordenadora da vigilância epidemiológica da cidade.

A agente comunitária Jaildes Barroso, 42, venceu o preconceito com o
produto. “No começo a gente não entendia direito como funcionava , mas
depois que fomos percebendo que o esgoto foi perdendo o fedor, passamos a
confiar”, diz.
Mas, nem todas as casas estão usando os produtos. Em
algumas ruas, há fétidos esgotos a céu aberto. “Não sei o que têm dentro
desse negócio. Fico com medo e prefiro não usar”, pondera a dona de
casa Ana Barros, que mora na rua da Tenda. O prefeito informou que há
projeto  para uma rede de esgotamento sanitário.
Melhora na saúde
Além de melhorar o cheiro do esgoto e
diminuir o volume de dejetos nas fossas, a pastilha SuperBAC trouxe
benefícios para a saúde da cidade, segundo informações  da titular da
Secretaria de Saúde do município, Graça Passos. “Desde 2009 houve uma
redução dos casos de diarreia, provocados, principalmente, pelo
direcionamento inadequado dos dejetos. Além disso, como há uma limpeza
maior dos resíduos dentro das fossas que são eliminados parcialmente
pelas bactérias boas, o solo do município acaba ficando mais limpo”,
explica. (Veja números no quadro abaixo)

A dona de casa
Elisângela Souza Silva, grávida de um menino e mãe de duas meninas de 4 e
9 anos, acredita que o uso da pastilha colabora para que seus filhos
não fiquem doentes. “O incômodo do fedor da fossa é horrível e também
quando a fossa transborda fica aquela água suja, mas como tem a pastilha
o esgoto fica mais limpo e as meninas não ficam em risco de pisar e
ficar doentes”, ressalta. Passos destaca ainda que o uso do produto
refletiu no bem estar dos moradores. “O odor das fossas diminuiu e com
isso as pessoas se sentem melhor”.

Além de tudo, a ação do
produto tem trazido outro benefício, que agrada principalmente as
mulheres: as baratas sumiram. “Com o esgoto tem menos bactérias as
baratas desapareceram. Os ratos e muriçocas, que gostam da sujeira e do
fedor, também foram expulsos daqui de Amélia Rodrigues”, comemora a
merendeira Eugênia dos Santos de Pinho, 60, que coloca os produtos na
sua casa desde o início do projeto. 

AVISO: O conteúdo de cada comentário nesta página é de única e exclusiva responsabilidade do autor da mensagem. Dê sua opinião com responsabilidade!