Pesquisa
revela que médicos tendem a associar febre a viroses e doenças comuns,
mas em 30% dos casos esse diagnostico é equivocado. Entenda o que é e o
que fazer se a febre aparecer
Você
fica apavorada toda vez que coloca a mão na testa do seu filho e
percebe que a temperatura dele está elevada? Calma. Na maioria das
vezes, ela é menos grave do que parece, mas é preciso ter cautela.
Pesquisadores
da Universidade de Sidney, Austrália, analisaram o histórico clínico de
mais de 16 mil crianças, menores de 5 anos, que deram entrada no
hospital Children’s at Westmead com febre. O resultado mostrou que 30%
das doenças mais graves, como infecção urinária, não eram diagnosticadas
por que os médicos do pronto-socorro associavam a febre a viroses ou
infecções simples, sem fazer um check up mais completo. Se você ficou na
dúvida quanto ao diagnóstico que seu filho recebeu, confie no seu
institnto e procure ouvir a opinião de um segundo especialista. É
importante também prestar atenção a outros sintomas que podem aparecer.
“Se a criança estivar ativa, brincando e disposta, quando a temperatura
abaixa, em geral, não é nada grave. Já aquela que não se sente bem o
tempo todo, fica irritada, chorosa, gemente, mesmo quando a febre cede,
precisa ser cuidadosamente avaliada pelo médico”, diz Cid Pinheiro,
pediatra do Hospital São Luiz (SP).
Veja aqui uma lista com as dúvidas mais comuns e assista ao vídeo (ao lado) que mostra como tirar a temperatura do seu filho.
O que é a febre?
Em primeiro lugar, saiba que ela é um sintoma, e não uma doença. Essa
alteração da temperatura faz com que o sistema imunológico libere
substâncias para defender o organismo contra vírus e bactérias. As
causas mais comuns da febre são infecção (como pneumonia, otite, gripe)
ou inflamação (artrite). Ela também pode surgir se houver infecções
urinária e intestinal ou viroses. É considerada febre quando a
temperatura estiver acima de 37,5oC ao ser medida na axila. Já, ao ser
medida na boca ou no reto, acima de 37,3oC.
Quais são os sinais clássicos da febre?
A criança febril fica com o rosto vermelho, o coração acelerado,
respira mais rápido que o normal, sente frio e fica abatida. As mãos e
os pés ficam frios e algumas podem ter dores de cabeça e musculares.
Qual é o melhor termômetro para medir a temperatura?
Os de mercúrio são os mais fiéis, mas há risco de quebrar e vazar o
material tóxico. Além disso, é preciso esperar, no mínimo, três minutos
para verificar a temperatura. Nesse caso, os digitais são mais
recomendados, mas nem sempre eles são precisos. Há também os de ouvido,
que, em geral, são precisos, mas os pais devem saber usa-los
corretamente.
Quando é necessário medicar?
Se a temperatura estiver acima de 37,8ºC e sempre com a orientação
médica. O importante é o estado físico do seu filho. “Há crianças que
com 37,6oC já ficam abatidas e com mal-estar. Nesses casos, não há por
que esperar subir mais para medica-la”, diz Cid.
Em até quanto tempo a temperatura deve baixar após a medicação?
Normalmente, é preciso esperar de 30 a 40 minutos para a temperatura
diminuir. E o principal objetivo não é fazer a temperatura voltar a
36,5oC (normal), e sim aliviar o mal-estar da criança.
E se a temperatura subir antes do horário de oferecer o antitérmico novamente?
Em primeiro lugar, fale com o pediatra para que seu filho seja
avaliado. Em algumas situações é possível alternar antitérmicos com
diferentes composições a cada três horas. As compressas e banhos mornos
(nunca frios!) também são coadjuvantes para baixar a temperatura. Nunca
dê banho com água e álcool, nem faça compressas com álcool, pois há
risco de a criança inalar essa substância e ter uma reação alérgica.
Quando há risco de uma convulsão?
A crise convulsiva da febre surge quando a temperatura sobe
rapidamente e acontece quando a criança tem em torno de 6 meses a 6
anos. Entre as características estão o tremor e rigidez de braços e
pernas.
Em geral, a crise dura de 1 a 2 minutos (uma eternidade para os pais) e
normalmente não traz seqüelas. Nessa hora, além da calma, é preciso
deixa a criança confortável, deitada e com a cabeça um pouco elevada,
para facilitar a respiração. Se durar mais que esse período, ela deve
ser levada ao pronto-socorro.
Acalme-se. Esse tipo de problema acontece em um número pequeno de
pessoas e apenas uma única vez na vida. Além disso, é preciso haver uma
predisposição genética. Se você souber dessa predisposição, medique a
criança ao perceber que ela está num processo febril.
O que fazer se meu filho não quiser comer enquanto está com febre?
Não insista. A atenção deve ser grande na hidratação. A criança pode
desidratar não somente por causa da febre, mas porque continua perdendo
líquidos, como o xixi. Nesse caso, ofereça sucos, água ou leite, em
pequenas quantidades e várias vezes no dia.
Devo medicar meu filho antes de levá-lo ao pediatra?
Sim. O antitérmico não vai mascarar a doença da criança e vai facilitar a avaliação do especialista.
Há como prevenir a febre?
Não. Mas há como evitar algumas doenças que podem elevar a temperatura
corporal. Por isso, é fundamental manter o calendário de vacinação em
dia.
Fonte: Cid Pinheiro, pediatra do Hospital São Luiz (SP); A Saúde de Nossos Filhos, Hospital Israelita Albert Einstein
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