Reconstituição confirma versão da mulher do diretor da Yoki


Uma nova perícia foi feita na noite de quarta-feira
(6) no apartamento onde, segundo a polícia, o diretor da Yoki Marcos
Matsunaga, 42 anos, foi morto. A polícia divulgou imagens do circuito interno do prédio
e confirmou as informações que a mulher do diretor e bacharel em
Direito Elize Araújo Matsunaga, 38 anos, deu durante o depoimento em que
confessou o crime.

O trabalho da reconstituição durou mais de
seis horas e atravessou a madrugada. Um boneco com altura parecida com a
do empresário foi utilizado. Elize Matsunaga participou da
reconstituição.

As imagens de sábado, 19 de maio, mostram quando o
casal chega ao apartamento, por volta das 18h30, com a filha e uma babá.
A babá foi dispensada pouco depois e foi embora.

A babá chega ao
apartamento novamente às 5h de domingo (20 de maio). Segundo a polícia,
ela disse ter acesso limitado no local, não podendo entrar em todos os
cômodos.

Às 11h30 do mesmo dia, Elize usa o elevador de serviço
para descer até a garagem com três malas – as malas que estariam com os
restos mortais do marido. Às 23h50, ela retorna sem as malas.

Um
reagente químico foi utilizado pela polícia para encontrar vestígios de
sangue nos cômodos onde Elize confessou ter matado o marido com um tiro
e em seguida esquartejado o corpo dele. Ainda na madrugada, os peritos
desceram do apartamento e confirmaram a versão de Elize.

Depois
da reconstituição, os policiais retiraram do apartamento a coleção de 30
armas que Matsunaga tinha. Segundo o jornal Bom Dia Brasil, da TV
Globo, uma caixa com munição para 10 mil tiros também foi recolhida.

A viúva confessou o crime na quarta-feira. Após oito horas de
depoimento, o diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa
(DHPP), Jorge Carrasco, disse que não há dúvidas em relação à autoria do
crime e acredita que o assassinato não foi premeditado. Segundo ele,
Elize afirmou que realizou tudo sozinha e atirou contra o marido na
sala, após uma discussão conjugal por conta de uma traição que teria
sido descoberta por ela.

A arma usada para matar o executivo –
uma pistola 380 – foi um presente dele para a mulher – Matsunaga era
colecionador de armas. Elize revelou que a pistola não estava entre as
que foram entregues para a Guarda Municipal de Cotia destruir. Ela a
guardou em uma gaveta do apartamento onde eles moravam, na Vila
Leopoldina (Zona Oeste). O casal fazia curso de tiro e ela era
considerada uma boa atiradora.

Após o disparo, que atingiu o
lado esquerdo da cabeça de Marcos, Elize disse ter levado o corpo do
marido para um quarto do imóvel e ter aguardado cerca de 10 horas antes
de esquartejá-lo no banheiro da empregada. Os vestígios de sangue foram
limpos depois.

Conhecedora de anatomia – Elize é técnica de
enfermagem e trabalhou em um centro cirúrgico -, ela disse ter usado uma
faca com lâmina de 30 centímetros para cortar os braços, pernas, tronco
e a cabeça do executivo. Após o trabalho, que durou cerca de quatro
horas, ela embalou os pedaços em sacos plásticos.

Em seguida,
Elize usou três malas para transportar o corpo e dirigiu até uma estrada
de terra em Cotia, na Grande São Paulo, onde atirou todos os pedaços em
um matagal. Ela disse que o casal frequentava um sítio em Ibiúna e
costumava passar pela estrada.

As malas e a faca foram jogadas
em outro local, que Elize já indicou para a polícia. O delegado Jorge
Carrasco disse que a polícia vai apreender os objetos. Uma testemunha de
Cotia disse à polícia ter visto quando um motociclista, vestido de
preto e em uma moto escura, jogou os sacos no matagal. O marido de uma
das três empregadas do casal também chegou a ser investigado, mas agora a
polícia descarta ajuda no crime.

“Não houve mentira, o
depoimento foi seguro. Os indícios eram muito fortes e foram
apresentados para ela. Não acredito que ela esteja acobertando ninguém”,
disse Carrasco.

Segundo a polícia, enquanto Elize saiu para
desovar o corpo do marido, a filha deles, de 1 ano, ficou no apartamento
com uma babá. O delegado disse que dificilmente a menina viu alguma
coisa, pois os cômodos do imóvel são distantes. O barulho do tiro também
não deve ter sido ouvido, pois as janelas têm proteção antirruído.

Elize
também revelou em seu depoimento que, após cometer o crime, doou o
colchão onde o casal dormia para uma babá, que será ouvida pela polícia
ainda hoje. O casal tinha três empregadas: uma doméstica e duas babás.
Elas não tinham acesso a todos os cômodos do apartamento, segundo a
polícia.

Segundo o delegado Carrasco, Elize não disse em
seu depoimento se estava arrependida pelo crime. Presa desde
segunda-feira, segundo a polícia, ela teve a prisão prorrogada pela
Justiça por mais 15 dias. Ela deve ser indiciada por homicídio
qualificado, com ocultação de cadáver.

O advogado da família da
vítima, Luiz Flávio Borges D’Urso, disse ontem que “a família se sente
reconfortada com a confissão e com o trabalho da polícia”.

Herdeiro da Yoki teria três amantes
A
polícia tenta identificar o detetive particular que foi contratado por
Elize para investigar se o executivo Marcos Matsunaga a traía. Ele é
procurado para que seja intimado a prestar depoimento sobre seu
trabalho.

Policiais informaram que o profissional seguiu o
executivo e descobriu que, entre 17 e 18 de maio, ele saiu com algumas
mulheres. Fotos e relatórios sobre três supostas amantes foram enviadas
para Elize.

No computador da vítima, peritos da Polícia Técnica
Científica identificaram ainda acessos a sites de prostituição. Neto do
fundador da Yoki, uma das principais companhias do ramo de alimentos do
país, Matsunaga estudou no Colégio Santa Cruz e formou-se na Fundação
Getúlio Vargas. Antes de trabalhar na empresa da família, foi
funcionário do Grupo Wal Mart.

O empresário era também fotógrafo
amador e um grande conhecedor de vinhos. Vizinhos do prédio onde ele
morava contaram que o empresário era uma pessoa discreta e simpática.
Todas as manhãs, o empresário caminhava até um mercadinho local, onde
comprava pão, sempre sozinho, dizem funcionários.

Na igreja que
ele frequentava, a Catedral Anglicana de São Paulo, poucos sabiam que
Matsunaga era um executivo tão importante, afirma o reverendo Aldo
Quintão. Ele costumava assistir às missas ao lado da mulher e da filha
de 1 ano. O empresário e Elize passaram a frequentar a igreja anglicana
há cerca de três anos, quando se casaram. Lá batizaram a filha.
Matsunaga era divorciado e tinha outra filha de 3 anos do primeiro
casamento.

Ele e Elize ainda costumavam doar brinquedos para as
crianças de uma creche mantida pela igreja em Brasilândia. “Eles faziam
questão de embalar e entregar pessoalmente os presentes”, afirma o
reverendo. O empresário deixou um seguro de vida de R$ 600 mil, que
tinha a mulher como uma das beneficiárias.

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