RODOVIÁRIOS CONTINUAM EM GREVE APÓS JULGAMENTO DE DISSÍDIO


Após o julgamento dos dissídios de greve envolvendo
os rodoviários de Salvador e intermunicipais, os trabalhadores do setor
decidiram, em assembleia realizada no ginásio de esportes do Sindicato
dos Bancários na tarde desta sexta-feira (25), manter a paralisação da
categoria por tempo indeterminado.

O dissídio dos
rodoviários, realizado na sede do Tribunal Regional de Trabalho
(TRT-5), estabeleceu o reajustede 7,5% nos salários e no tíquete
alimentação, além do retorno do quinquênio, uma das principais pautas de
reivindicação da categoria.

Em nota, o Sindicato das Empresas de
Transportes de Passageiros de Salvador (Setps) conclamou os
trabalhadores rodoviários a retornarem imediatamente ao trabalho, “uma
vez que, após o julgamento do dissídio coletivo nesta tarde, há o
entendimento de que estão esgotadas as negociações referentes à campanha
salarial 2012”. O sindicato patronal disse ainda que a decisão onera,
“de forma insuportável”, os custos das empresas e afirmou que o custo da
tarifa que era de R$ 2,96 sobe agora para R$3,04.

A greve dos rodoviários foi considerada abusiva pela
desembargadora Maria das Graças Boness, responsável pelo julgamento,
que determinou o desconto no salário dos dias parados, além de multa no
valor de R$ 150 mil. Com a decisão da manutenção da greve, o Sindicato
dos Rodoviários receberá multa diária de R$ 50 mil e o Setps também será
multado em R$ 25 mil.
Atualmente, os rodoviários recebem R$ 1.379 e têm
direito cada mês a 26 tíquetes-alimentação de R$ 10,70, com desconto de
20% no salário. Eles pedem um aumento de 13,8% no salário, retorno do
pagamento do qüinqüênio, e o aumento na quantidade e valor dos tíquetes,
passando para 30 tíquetes, de R$ 12 cada, com desconto de 10% no
salário.

O quinquênio, que era pago até 2006 e foi suspenso após
acordo mediado pelo TRT, concede reajuste de 5% para cada cinco anos de
contrato. O Setps mantém proposta de 4,98% de reajuste ao salário e ao
tíquete, e se nega a conceder o quinquênio e o aumento no número de
tíquetes-alimentação.

A greve da categoria teve início à 0h de quarta-feira (23),
depois que a última reunião entre rodoviários e empresários do setor de
transporte, realizada na sede do TRT, terminou sem acordo. Neste sábado
(26), a categoria realizará uma assembleia por volta das 15 horas. Só
em Salvador, a greve afeta mais de 1 milhão de pessoas.

Sem ônibus para o interior
Os
ônibus que fazem linha para as cidades do interior da Bahia com origem
na Rodoviária de Salvador também não estão circulando desta quarta-feira
(23) em razão da greve.

Os 540 horários oficiais de ônibus que
saem do terminal rodoviário de Salvador foram suspensos. Os guichês das
empresas que operam pelo terminal também suspenderam a venda das
passagens, inclusive as antecipadas, por tempo indeterminado.

Quem
tem passagem comprada e não conseguir viajar tem o direito do
ressarcimento integral, ou solicitar que a data seja remarcada. Esses
serviços têm de ser realizados nos guichês das companhias.

Durante
o período da greve, a Agerba (agência estadual que fiscaliza os
transportes) e a Transalvador decidiram liberar a circulação do
transporte clandestino. “Não tem outra alternativa, tem que valer de
transporte solidário e dos clandestinos mesmo. O alternativo torna-se
essencial”, justificou o superintendente da Transalvador, Alberto
Gordilho.

R$ 150 mil de multa
Desde o primeiro dia de
paralisação, os rodoviários descumpriram a determinação da Justiça de
pôr nas ruas 40% da frota de 2.742 ônibus nos horários habituais e 60%
nos horários de pico. A multa para o não cumprimento é de R$ 50 mil, acumulando um total de R$ 150 mil.

O
sindicalista Euvaldo Alves afirmou que deverá recorrer da decisão.
“Vamos apresentar nossa defesa, a culpa aí não é do sindicato”,
assegurou. 

Diante do descumprimento da liminar judicial, a
Superintendência de Trânsito e Transporte do Salvador (Transalvador)
determinou a circulação da frota de 278 micro-ônibus do Sistema de
Transporte Especial Complementar (STEC). O transporte alternativo, no
entanto, não dá conta da demanda de passageiros.

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