Rondônia tem o primeiro cego eleito vereador


Candidato
pela primeira vez, Augustinho Figueiredo (PDT), de 45 anos, é o único
deficiente visual eleito a vereador em Guajará-Mirim e o único a ocupar
uma vaga na Câmara de todos os municípios de Rondônia, segundo Tribunal
Regional Eleitoral (TRE). Eleito com 523 votos, Augustinho afirma que há
dois anos decidiu que iria aprender a ler e escrever em braile (sistema
de leitura para deficientes visuais que utiliza os dedos para a
leitura) para se candidatar a vereador e lutar pelos direitos de pessoas
com deficiência no município. Augustinho tomará posse do cargo no dia 1
de janeiro.



“Eu
não podia me candidatar se não tivesse escolaridade, então fui estudar.
Concluí o segundo grau em braile no Centro Multidisciplinar José
Rodolfo Alves, aqui mesmo em Guajará-Mirim”, afirma Augustinho, que
nunca havia estudado antes. O incentivo para estudar veio de um amigo,
também deficiente visual, que é professor de braile.



Devido
a um glaucoma, o vereador tem apenas 10% de visão no olho direito,
desde criança. A doença, segundo Augustinho, foi herdada do pai e atinge
também seus três irmãos. A família que morava na região rural do
município migrou para a cidade, quando ele tinha 14 anos.



Com
várias historias de superação, Augustinho relembra que seu primeiro
trabalho na cidade foi como mecânico de motor de barco, profissão
ensinada por um amigo. Após isso, foi trabalhar como varredor do pátio
do Departamento de Estrada e Rodagens do município, onde meses depois
foi promovido a diretor, cargo que exerceu por 14 anos.



Como
vereador Augustinho sabe que terá dificuldades, principalmente com
relação à acessibilidade para desenvolver suas atividades. “A Câmara
Municipal não está preparada para receber o portador de necessidade
visual. É preciso de algumas adaptações, como impressora, programas de
computares e outros aparatos em braile para que eu possa desenvolver o
meu trabalho, sem precisar de assessores. 



Todos
os projetos necessários para que o portador de necessidades especiais
tenha acesso a Câmara e aos órgãos municipais eu pretendo fazer, porque
sei da necessidade dos deficientes”, enfatiza.



Guajará-Mirim
possui cerca de três mil pessoas com deficiência física e apesar do
índice, o município não tem médicos especialistas para um tratamento
adequado, acessibilidade e educação voltada para os deficientes visuais e
auditivos nas escolas públicas, transporte adequado para locomoção,
entre outras necessidades. 
Fonte: G1

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