A presidente Dilma Rousseff afirmou em nota nesta segunda-feira (9) que, se forem comprovadas as denúncias de que a Petrobras foi espionada, fica confirmado que o governo norte-americano também realiza espionagens por interesses “econômicos e estratégicos”.
— Se confirmados os fatos veiculados pela imprensa, fica evidenciado que o motivo das tentativas de violação e de espionagem não é a segurança ou o combate ao terrorismo, mas interesses econômicos e estratégicos.
A declaração ocorre um dia após o programaFantástico, da TV Globo, apresentar documentos que mostram que a Petrobras também foi alvo da NSA, a agência de segurança dos Estados Unidos.
Segundo os documentos, vazados pelo antigo analista da NSA Edward Snowden, o nome da Petrobras aparece em um treinamento de agentes da NSA. Segundo a reportagem, a tecnologia envolvendo a exploração em alta profundidade na camada pré-sal poderia ser o alvo da espionagem.
Na nota de hoje, a presidente brasileira afirma que “a Petrobras não representa ameaça à segurança de qualquer país”.
— Representa, sim, um dos maiores ativos de petróleo do mundo e um patrimônio do povo brasileiro.
Segundo Dilma, “o governo brasileiro está empenhado em obter esclarecimentos do governo norte-americano sobre todas as violações eventualmente praticadas”.
— Tais tentativas de violação e espionagem de dados e informações são incompatíveis com a convivência democrática entre países amigos.
As denúncias envolvendo a Petrobras surgem somente uma semana após outros documentos secretos vazados por Snowden mostrarem que a presidente Dilma fora também espionada pela NSA.
No início da semana passada, o Brasil pediu explicações formais por escrito sobre as denúncias. E durante encontro de líderes mundiais na Rússia, na quinta-feira (5), Obama disse pessoalmente a Dilma que irá explicar as ações da NSA até a próxima quarta-feira (11).
Petrobras no alvo
Em meio à crise diplomática aberta após a divulgação de que a própria presidente fora espionada, novas denúncias apontam que a NSA espionou a Petrobras.
Os documentos secretos vazados pelo antigo analista da NSA Edward Snowden, foram revelados no domingo (8) em reportagem do programa Fantástico, da TV Globo.
A tecnologia envolvendo a exploração em alta profundidade na camada pré-sal poderia ser o alvo da espionagem, segundo a reportagem.
O nome da Petrobras aparece em um documento usado em um treinamento de agentes da NSA, sempre segundo a reportagem.
O documento treina os agentes a como acessar a rede privadas de instituições variadas como Petrobrás, o Ministério das Relações Exteriores da França, o Google e a rede Swift, que reúne vários bancos.
Os papéis foram consultados pelo jornalista americano Glenn Greenwald, autor das reportagens divulgando o escândalo da NSA desde maio.
Greenwald diz que “ninguém tem dúvidas que os Estados Unidos têm direito de fazer espionagem para proteger a segurança nacional”. Mas critica a espionagem de indivíduos e empresas que não “não tem nada com terrorismo”.
A reportagem revela ainda que os Estados Unidos agem com a colaboração da inteligência do Reino Unido, do Canadá, da Austrália e da Nova Zelândia.
Leia abaixo a nota completa da Presidência da República:
Mais uma vez, vieram a público informações de que estamos sendo alvo de mais uma tentativa de violação de nossas comunicações e de nossos dados pela Agência Nacional de Segurança dos EUA. Inicialmente, as denúncias disseram respeito ao governo, às embaixadas e aos cidadãos – inclusive a essa Presidência. Agora, o alvo das tentativas, segundo as denúncias, é a Petrobras, maior empresa brasileira. Sem dúvida, a Petrobras não representa ameaça à segurança de qualquer país. Representa, sim, um dos maiores ativos de petróleo do mundo e um patrimônio do povo brasileiro.
Assim, se confirmados os fatos veiculados pela imprensa, fica evidenciado que o motivo das tentativas de violação e de espionagem não é a segurança ou o combate ao terrorismo, mas interesses econômicos e estratégicos.
Por isso, o governo brasileiro está empenhado em obter esclarecimentos do governo norte-americano sobre todas as violações eventualmente praticadas, bem como em exigir medidas concretas que afastem em definitivo a possibilidade de espionagem ofensiva aos direitos humanos, a nossa soberania e aos nossos interesses econômicos.
Tais tentativas de violação e espionagem de dados e informações são incompatíveis com a convivência democrática entre países amigos, sendo manifestamente ilegítimas. De nossa parte, tomaremos todas as medidas para proteger o país, o governo e suas empresas.
Dilma Rousseff
Presidenta da República Federativa do Brasil
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