Catingal: O podencial do Umbu em Manoel Vitorino Bahia


O POTENCIAL DO UMBU

O umbu pode ser melhor aproveitado, agregando valor
e gerando mais emprego e renda.
O umbuzeiro foi batizado por Euclides da Cunha em, Os Sertões, como
uma árvore sagrada da Caatinga. Graciliano Ramos também o descreve reportam a
árvore nas suas
produções literárias.
Sob o sol intenso do semi-árido nordestino, o umbuzeiro
resiste e suas raízes chamadas de batata que já serviram para alimentar muitos
retirantes em períodos de seca quando a alimentação escasseia e a fome campeia.
agregam valor a renda familiar da população mais pobre do Sertão.
O umbuzeiro ou i m b u z e i r o , S p o n d i a s t u b e r
o s a , L . , D i c o t y l e d o n e a e, Anacardiaceae, é originário dos
chapadões semi-áridos do Nordeste brasileiro; nas regiões do Agreste (Piauí),
ombu, corruptelas da palavra tupi-guarani “y-mb-u”, que significava
“árvore-que-dá-debeber”. Pela importância de suas raízes foi chamada
“árvore sagrada do Sertão” por Euclides da Cunha.
O umbuzeiro é uma árvore de pequeno porte em torno de 6m de
altura, de tronco curto, esparramada, com diâmetro de 10 a 15m projetando
sombra densa sobre o solo, vida longa (100 anos), é planta xerófila. Suas
raízes superficiais exploram 1m de profundidade, possuem um órgão (estrutura) –
túbera ou batata – conhecido c o m o x i l o p ó d i o q u e é constituído de
tecido lacunoso que armazena água, mucilagem, glicose, tanino, amido, ácidos,
entre outras.
Esta árvore, com sua folhagem em forma de guardachuva, têm
um sistema especial de raízes que formam grandes tubérculos capazes de
armazenar até 3.000 litros de água durante a estação das chuvas, de modo que
pode resistir a longos períodos de seca. Um importante recurso.
O caule, com casca cor cinza, tem ramos novos lisos e ramos
velhos com ritidomas pode iniciar-se após as p r i m e i r a s c h u v a s
(chamadas de cambueiras d o s u m b u s ) , independentemente da p l a n t a e
s t a r o u n ã o enfolhada; a abertura das flores dá-se entre 0 hora e quatro
horas (com pico às 2 horas). 60 dias após a abertura da flor o fruto e s t a r
á m a d u r o . A frutificação inicia-se em p e r í o d o c h u v o s o e
permanece por 60 dias. A s o b r e v i v ê n c i a d o umbuzeiro, através de
tantos períodos secos, deve-se à existência dos xilopódios que armazenam
reservas que nutrem a planta em períodos críticos de água.
O u m b u z e i r o cresce em estado nativo, nas caatingas
elevadas de ar
seco, de dias ensolarados, e noites frescas. Requer clima
quente, temperatura
entre 12ºC e 38ºC, umidade relativa do ar entre 30% e 90%,
insolação com 2.000 – 3.000 horas/luz/ano e 400mm a 800mm de chuva ( e n t r e
n o v e m b r o e fevereiro), podendo viver em locais com chuvas de 1.600
mm/ano. Vegeta bem em solos não úmidos, profundos, bem drenados, que podem ser
arenosos e silico-argilosos. Evitar
plantio em solos que e s t e j a m s u j e i t o s a o
encharcamento.
A propagação do umbuzeiro pode ser feita através da semente,
de estacas de ramos: estacas do interior da copa da planta são colhidas entre
os meses de maio e agosto; devem ter 3,5 de diâmetro e comprimento entre 25cm e
40cm. As estacas são postas a enraizar (brotar) em leitos de areia fina ou
limo, enterradas em 2/3 do seu comprimento, em posição inclinada; a estaca
também pode ser enterrada no local definitivo de plantio.
P r o d u ç ã o d e mudas via enxertia: método e m
experimentação/observaçã o ; t r a b a l h o s d o I PA (Pernambuco) asseguram
êxito na obtenção da muda por enxertia via método j a n e l a a b e r t a ; a E
M B R A PA / C PAT S A obteve 75% de “pega” em
enxertos de garfos de umbuzeiro sobre cajazeira (Spondias
lutea). Não há r e g i s t r o s d e frutificação/produção de frutos dos
enxertos.
Plantio
Fazer o plantio no início da estação chuvosa. Retira-se o
saco plástico ou outra embalagem que envolve a muda. Plantar no centro da cova,
sem abafar o tronco com a terra. Apertar a terra levemente ao redor da muda e
regar bem.
O umbu é muito apreciado pelos animais, que se alimentam da
planta e dos frutos.
Na alimentação humana, os frutos são consumidos ao natural e
processados na forma de polpa, geléia, doces, sorvetes, sucos e néctares. O
rendimento em polpa é de 50 a 60 % do fruto.
Na região de Jequié é muito apreciada a umbuzada feita de
umbu e leite, que é uma espécie de vitamina. O doce feito do umbu verde é
produzido ainda de maneira rudimentar como faz D. Helena Ribeiro de Novaes que
cozinha os umbus ainda com casca, depois põe na peneira e amassa com uma colher
de pau. Em seguida pega a massa e coloca num saco de pano e joga água até tirar
o azedo e pega a massa e põe em uma panela com açúcar para produzir o doce de
corte.

Colheita / Comercialização
O pé franco do umbuzeiro inicia produção a partir do 8º ano
de vida. A maturação do fruto é observada quando a cor da sua casca passa do
verde ao amarelo. Maduro o fruto cai ao chão; devem-se preferir frutos
arredondados e com casca lisa. A c o l h e i t a é f e i t a manualmente, e os
frutos são colhidos “de vez” para facilitar o transporte. Para
consumo imediato o fruto é colhido maduro; para transportar colher o fruto “de
vez”. Cada planta pode produzir 300kg de frutos/safra (15.000 frutos). Um
hectare com 100 plantas produziria 30 toneladas.
O comércio é feito à beira das rodovias, em mercados e
feiras, e os frutos são vendidos por volume, quilo ou dúzia. Em Jequié na época
da comercialização do umbu na maioria das esquinas do centro da cidade se o b s
e r v a u m v e n d e d o r comercializando o fruto em litros de alumínio ou
toucas.
A comercialização é feita também diretamente com os
atravessadores nas comunidades rurais, quando os frutos são colocados em caixas
ou sacos e levados para as despolpadeiras e para os centros consumidores.
O rendimento por hectare varia com a idade e densidade de
plantas, com a condição ambiental e a genética das plantas. De um modo geral
uma planta pode produzir de 50 a 300 kg de frutos.
Utilidades do Umbuzeiro
O umbuzeiro foi considerado como a árvore sagrada da Caatinga pelo
escritor Euclides da Cunha.
Vários órgãos da planta são úteis ao homem e aos animais:
Raiz – Batata,
túbera ou xilopódio é sumarenta, de sabor doce, agradável e comestível; sacia a
fome do sertanejo na época seca. Também é conhecida pelos nomes de
batata-do-umbu, cafofa e cunca; criminosamente é arrancada e transformada em
doce – doce-de-cafofa. A água da batata é utilizada em medicina caseira como
vermífugo e antidiarréica. Ainda, da raiz seca, extrai-se farinha comestível.
Folhas – Verdes e
frescas, são consumidas por animais domésticos (bovinos, caprinos, ovinos) e
por animais silvestres; ainda frescas ou refogadas compõem saladas utilizadas
na alimentação do homem.
Fruto – O umbu ou
imbu é sumarento, agridoce e quando maduro, sua polpa é quase líquida. É
consumido ao natural fresco – chupado quando maduro ou comido quando “de
vez” – ou ao natural sob forma de refrescos, sucos, sorvete, misturado a
bebida (em batidas) ou misturado ao leite (em umbuzadas). Industrializado o
fruto apresenta-se sob forma de sucos engarrafados, de doces, de geléias, de
vinho, de vinagre, de acetona, de concentrado para sorvete, polpa para sucos,
ameixa (fruto seco ao sol). O fruto fresco ainda é forragem para animais. 60
dias após a abertura da flor o fruto estará maduro. O umbu possui metade de
vitamina C do suco de laranja.
A resistência à seca é a principal característica do
umbuzeiro. É na raiz que se encontra o cheropódio, uma espécie de batata que
armazena água utilizada pela planta nos períodos mais secos. Um umbuzeiro
adulto vive em média 100 anos e pode até armazenar dois mil litros de água em
suas raízes.

Catingal: a terra do umbu
De dezembro a fevereiro é a época de colher o umbu dos
umbuzeiros em Catingal, mas o ponto forte do extrativismo é entre 20 de
dezembro e 20 de janeiro segundo o produtor rural Adelino Tiburtino Pereira,
conhecido por Lino. A fruta representa uma renda extra para as famílias dos
agricultores e moradores da região, mas se houvesse uma infrae s t r u t u r a
d e t r a n s p o r t e e despropadeiras o aproveitamento seria muito maior e
poderia está gerando muito mais recursos financeiros para todos os moradores da
região.
A reportagem da COTOXÓ constatou no último dia 23 de janeiro
na região do Olho ´Água, área próxima de Catingal, que muitos frutos maduros do
umbuzeiro estavam espalhados pelo chão, perdendo por falta de transporte para
carregá-los.
A venda do umbu cai de preço ao longo de sua coleta na
região de Catingal. No início, por volta do meado de dezembro, o valor de um
saco chega a R$ 30,00. Depois diminui para R$ 25, R$ 20, R$ 15 e chega no final
da safra por R$ 13,00. O que parece paradoxal dentro da lei da oferta e da
procura pode ser explicado pelo fato de quando está diminuindo a coleta de umbu
na região de Catingal começa a grande coleta nas regiões de Monte Branco e da
Barragem da Pedra cujos frutos amadurecem no curto espaço de tempo posterior
aos de Catingal. Além disso, quem acaba tendo altos lucros com a coleta dos
frutos dos umbuzeiros são os atravessadores, que compram por um valor baixo e
vendem por valores elevados.
“Uma coisa me intriga é esta: o dinheiro arrecadado na
época do umbu fica, em sua maioria, nas mãos dos atravessadores e quem mais
sofre para retirar o umbu são os catadores que vão para o campo, sofrem em cima
dos umbuzeiros e ganham mixarias. Os atravessadores que ficam de braços
cruzados é quem mais ganham, cobrando altíssimas porcentagens só para empreitar
o umbu”, afirma um catador de umbu da região.
No período da grande coleta em Catingal chega-se sair deste
distrito de Manuel Vitorino cerca de 4 carretas diariamente de sacos de umbu,
que são comercializados pelos atravessadores.
Para evitar o esquema dos atravessadores os catadores de um
de Catingal e da região os catadores poderiam criar de uma cooperativa do umbu,
que pudesse vender o fruto diretamente para o comércio ou as fábricas de polpa
ou montassem despropadeiras que aproveitassem melhor o fruto e vendessem
diretamente para o mercado consumidor, o que iria agregar mais valor.
Catingal
é a terra do umbu.
De acordo com
Adelino Tiburtino Pereira ( Lino) em Olho Água, por exemplo, em uma só hectare
existem cerca de 30 umbuzeiros.
Um umbuzeiro no centro de Jequié
Em pleno centro da cidade, o umbuzeiro, típico de Jequié embeleza e é o
único que ainda existe nesta área urbana.
Onde está situada a área urbana de Jequié havia uma quantidade
imensa de umbuzeiros. Com o desmatamento para loteamento d e c a s a s r e s i
d e n c i a i s e estabelecimentos comerciais muitos “pés” de umbu
foram destruídos.
Um umbuzeiro nasceu em pleno centro de Jequié. Ao lado do
prédio da nova Biblioteca Municipal Newton Pinto de Araújo, na Rua Barbosa de
Souza, os frutos verdes do “pé” de umbu já aparecem.
O setor de Parques e Jardins, responsável pela arborização
de Jequié, poderia plantar umbuzeiros em várias partes da cidade, que está
situada em uma área semi-ária cujo “pé’ de umbu é das representativas das
espécies nativas da região. O empresário Ostílio Simões está plantando umbu em
sua propriedade rural, que fica próxima à Fazenda Provisão. Exemplo que deve
ser seguido por outros proprietários rurais.
Pesquisa sobre o Umbu na região de Manoel Vitorino
A pesquisa refere-se a safra de umbu de 2005/2006 Quantidade
de carros utilizados para retirar a safra: 504 Numero de sacos retirados: 95.656 Peso
médio do saco: 50 Kg
Peso total dos sacos retirados:
4.776.960 Kg Media de
compra por saco: R$ 10,96 Media de venda por saco: R$
24,01
Valor compra total da safra: R$ 1.023.560,00 Valor
venda total safra: 2.276.853,00 Os povoados que colhem a maior quantidade de Umbu
são: Anta Gorda e Lavandeira.
Outros povoados que colhem umbu:
Ribeirão dos Peixes, Mamonas, Lagoa da Pedra, Pombas,
Beira do Rio, Pedras, Jequiezinho, Barra da Purificação, Lagoa Linda, Santa
Maria, Caititu, Queimadas, Salgado e sede do município.
Os povoados que não colhem
Umbu são:
Serra, Feirinha, 21, Mato Cipó.
Destino da Produção: Salvador,
Sergipe, Feira de Santana, Itabuna, Jequié, Ipiaú, Valença, Ubatã, Ibirataia,
Ubaitaba, Nova Sôres, Ilheus.
Economia: Gira a mais no
município o montante de R$ 2.276.853,00.
Fonte: Domingos Ailton/ Revista Cotoxó
Colaborador: Charles Meira
Digitação e Diagramação p/ Internet: Levy Barros/Portal Catingal 

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